Mais Curtinhas

Monstros Vs Alienígenas (Monters Vs. Aliens, EUA, 2009)
Dir: Rob Letterman e Conrad Vernon

Muito embora o humor dessa simpática animação da Dreamworks soe um tanto bobinha, Monstros Vs. Alienígenas é um boa surpresa pois não se prende aos clichês ou pelo menos sabe contornar os lugares-comuns. Na realidade, já se mostra interessante por ser um filme catástrofe travestido de animação digital, funcionando também como comédia. Susan Murphy, no dia de seu casamento, é atingida por um meteorito que a torna uma mulher gigante. Ela então é escondida pelo governo norte-americano juntamente com outros “monstros” numa base militar. No entanto, eles terão de salvar o planeta quando uma invasão alienígena tentar destruir o planeta Terra. O filme é cheio de estranhezas, a começar pelas criaturas que serão os novos amiguinhos de Susana, desde um cientista maluco que se transformou numa barata, até uma geléia gosmenta sem cérebro. É o tipo de filme que rende bons momentos de diversão despretensiosa e consegue lembrar (homenagear também) os filmes B de ficção científica. De uma estrutura convencional, o filme consegue ser inventivo, mas sem estardalhaços.

Um Ato de Liberdade (Defiance, EUA, 2008)
Dir: Edward Zwick

Por mais que esse filme consiga ser melhor que Diamante de Sangue, projeto anterior dirigido por Edward Zwick, é um grande desperdício ver uma história tão forte e interessante desbancar para o sentimentalismo simples, daquelas que precisam expor o letreiro “uma história real” para termos a obrigação de se importar (e emocionar) com o que é mostrado. A narrativa do filme utiliza (mais uma vez) o tema do holocausto quando a investida nazista sobre os judeus do leste europeu faz com que três irmãos se refugiem nas florestas da Bielorrússia. Logo, eles são seguidos por outros tantos judeus que formarão um grupo de refugiados sob a liderança de um dos irmãos, Tuvia (Daniel Craig), criando, assim, uma rixa com o outro irmão, Zus (Liev Schraiber). O roteiro começa por discutir pontos interessantes (mas nada novos) como a traição de alguns judeus que passavam informações aos alemães, ou a situação dos intelectuais que não possuíam habilidade para o trabalho braçal na mata. A coisa piora quando o foco da história recai sobre os dramas amorosos entre os refugiados ou os choques entre os dois irmãos. Se Daniel Craig funciona muito bem como James Bond, seu ar de durão e expressão bravia impedem um envolvimento mais emocional. Poderia sobrar para Liev Schareiber, mas ele faz mais o tipo do irmão encrenqueiro. E mesmo com uma fotografia bonita, o filme tem pouco de marcante e muito mais de pretensão em ser politicamente relevante, assim como o longa anterior de Zwick.

The Spirit – O Filme (The Spirit, EUA, 2009)
Dir: Frank Miller

O maior problema de The Spirit está no tom. Às vezes parece um noir estilizado, outras um filme-conspiração em que um lunático tenta ser o dono do mundo, e na pior das hipóteses o filme ainda quer ser uma comédia cartunesca de humor-negro. Não conseguindo se fixar em nenhum desses gêneros, chega a apelar para o deboche despretensioso. O ex-policial Denny Colt (Gabriel Macht) forja seu próprio assassinato para retornar como o mascarado Spirit, heroi pronto a defender a cidade de Central City dos malfeitores, em especial o asqueroso Dr. Octopus (Samuel L. Jackson). Ao mesmo tempo que força a narrativa, o roteiro é primário e apela para frases feitas e diálogos artificiais. Por incrível que pareça, Eva Mendes é a melhor em cena, dentro de um elenco que conta com Sam Jackson, dono de um personagem mal escrito; Scarlett Johansson escalada para fazer caras e bicos sexies; e o protagonista Gabriel Macht, pouco marcante. O visual à lá Sin City (na verdade, baseado da HQ original), co-dirigido por Miller, parece ser o grande apelo do projeto, mas funcionava melhor no outro filme ou pelo menos não tem tanta razão de ser aqui, embora seja responsável por algumas imagens graficamente interessantes. No fim das contas, muito barulho por quase nada.

PS: Aproveito para iniciar aí ao lado o ranking de melhores filmes do ano que começa com os dez mais promissores. A lista provavelmente irá se alongar aos 20 quando mais obras de calibre aparecerem. Entre os Muros da Escola é o líder absoluto até então. Veremos as surpresas que o ano ainda nos reserva.

7 thoughts on “Mais Curtinhas

  1. Rafael, concordo plenamente com o que você disse sobre o The Spirit. Filme completamente perdido em seus propósitos, que não chega a lugar nenhum e só nos faz perder tempo. Talvez a maior decepção do ano, já que o trailer prometia muito.
    Um Ato de Liberdade não vi e nem tenho muito interesse.
    Monstros Vs Alienígenas é declaradamente inspirado nos filmes de monstros dos anos 50, por isso toda a atmosfera criada. O filme em si é engraçadinho e só. Mas a experiência de vê-lo em 3D foi uma das mais divertidas que já tive no cinema.
    Abraço!

  2. Entre os Muros da Escola está entre meus favoritos do ano, mas acho que em terceiro lugar, atrás de Foi Apenas um Sonho e O Lutador. E quase empatando com Milk, que está em quarto.
    Então, dessas curtinhas, quero ver Spirit e Um Ato de Liberdade, mas espero tranquilamente por eles em dvd … o Zwick vem de uma grande bobagem, Diamante de Sangue, e esse novo não me empolga muito.

  3. Só assisti “Monstros vs Alienígenas”. Achei um filme mais feito para adultos que para crianças. Inclusive, achei o roteiro muito complicado de ser compreendido pelos pequenos.

  4. Eu gostei bastante de Monstros vs. Alienígenas, principalmente as milhares de referências aos filmes-trash dos anos 50.

    E The Spirit é embaraçosamente ridículo. É daqueles filmes que a gente se pergunta: por que?

    Mas enfim, publiquei sobre o Jornada nas Estrelas no blogue e vale muito a pena dar uma conferida no filme!

  5. Pois é Fred, também estava bastante empolgado pelo trailer de The Spirit e mesmo com os comentários negativos que eu lia sobre o filme, tinha ainda minhas esperanças. Mas foi em vão, o filme é um dos piores do ano até agora. E uma pena que não vi Monstros Vs. Alienígenas em projeção 3D, mas o filme é uma delícia assim mesmo.

    É Wallace, lembro que você gostou muito mesmo de Foi Apenas um Sonho (acho que esse não entrava nem entre os meus 20, mas é um bom filme). E eu acabei vendo Um Ato de Liberdade mais pela indicação de trilha sonora no Oscar, que nem é tão grandiosa assim.

    Kamila, pensando sobre essa perspectiva acho que você tem razão, muito embora não acho que a criançada iria gostar menos do filme. Mas de qualquer forma, tá valendo.

    É mesmo Diego, existem bastantes referencias em Monstros, o filme é uma delicinha. E assino embaixo de sua palavras sobre The Spirit, filme vergonhoso.

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