André Setaro, pilar de uma cinefilia

Num ano
que tem sido implacável para o cinema (e para a cinefilia baiana), acabamos de
perder o crítico e professor André Setaro, mais um mentor, um apaixonado pelo
cinema e um grande formador de plateias atentas. Uma perda pesada. Com seu jeitão peculiar e face
dura, memória de ferro, um amor imenso pelo cinema clássico, de um passado que
ele tanto venerava, o prof. Setaro certamente incentivou muitos a olharem para
a 7ª arte de modo diferente, apaixonado, eu incluso no grupo. Na foto, ele comentava Hiroshima, Meu Amor, na última sessão do Cineclube Glauber Rocha. Mesmo com saúde enfraquecida, lá estava o professor, lúcido, espalhando sua paixão.
Curioso tratá-lo
assim como professor já que nunca fui seu aluno. Não de sala de aula, mas todos
que leram seus textos, todos que já o ouviram falar sobre cinema, aprenderam
com ele a amar o que de melhor essa arte pode nos proporcionar. Aprendemos com
ele a respeitar os clássicos, a não esquecer os filmes de outrora que
construíram as bases da linguagem cinematográfica. E sorte daqueles que o
tiveram como docente, foram muitos os que ele formou nas salas de aula
da Faculdade de Comunicação da UFBA.
Minha admiração
por Walter da Silveira, aliás, passa pelo prof. Setaro porque foi através dos escritos
dele que eu vim conhecer Dr. Walter, sua importância como figura preponderante
para a construção de uma cinefilia que se frutificou na Bahia.
O prof. Setaro
possuía um blog que é referência fundamental para os amantes da 7ª arte, o
Setaro’s Blog, além de manter uma coluna no Terra Magazine. Escreveu sobre
cinema por mais de 30 anos no jornal Tribuna da Bahia. Alguns de seus textos foram
editados nos três volumes da coleção “Escritos sobre Cinema – Trilogia de
um Tempo Crítico”, além de ter lançado uma revisão do cinema local
com o Panorama do Cinema Baiano, reeditado em 2012 pela Fundação Cultural do Estado
da Bahia. 

Que no descanso encontre os mestres do cinema,
serelepes, no paraíso, especialmente Dr. Walter que solidificou uma querida
cinefilia na Bahia, tendo continuidade no trabalho e na paixão declarada do prof. Setaro.

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