Noivas em desalinho

Loucas pra Casar (Idem,
Brasil, 2015) 
Dir: Roberto Santucci
Malu
(Ingrid Guimarães) é abandonada por seu noivo no altar da igreja e, ao tentar suicídio jogando-se de uma ponte, descobre outras duas noivas também
largadas e enganadas pelo mesmo homem, Samuel Barros (Márcio Garcia), dotado
tanto de beleza quanto de grana. Antes que se diga, nem interessa muito se o
mote desse filme seja “parecido” com o do longa norte-americano Mulheres ao Ataque.
Loucas pra Casar, novo disparo da
Globo Filmes, o mais recente filme-fast-food
de comédias descartáveis que já são uma constante na nossa produção cinematográfica,
abre os lançamentos do ano já de forma desastrosa. Roteiro fraco, piadas pouco estimulantes,
tiques dos atores e uma chuva de clichês. Não que precise ser genial e ter
várias sacadas inteligentes, mas um mínimo de cuidado na construção narrativa
faz render um filme com momentos muito mais divertidos.
Loucas pra Casar ainda tenta
usar o recurso do flashback para
criar certo interesse, na medida em que Malu vai descobrindo essas outras
mulheres que fazem parte da vida amorosa de seu noivo. Lúcia (Suzana Pires) dança
num clube noturno, o sex appeal
estampado no seu visual. No outro polo, Maria (Tatá Werneck) é a religiosa
recatada, a dona de casa ideal, submissa. Grande parte do filme se
concentra nos encontros e desentendimentos entre elas, com fins desastrosos.
E
nem é o caso aqui de fazer um julgamento moral sobre essa ideia de que a
realização da mulher contemporânea só se completa ao se casar e encontrar o homem ideal para lhe satisfazer. A própria Globo Filmes – para ficar num
exemplo de mesmo patamar – há pouco tempo já abordou esse mesmo assunto em Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu
Vou
, com Mônica Martelli, um filme muito mais interessante, que mantém certa graça e humor, ainda que com algumas fragilidades.
É
tudo o que não acontece aqui. O trio feminino principal revisita o lugar comum dos tipos caricaturais, enquanto o filme aposta em personagens secundários
também estereotipados, como o amigo gay Rubi (Edmilson Filho) e a confidente lésbica
Dolores (Fabiana Karla). Se há algo de engraçado aqui, deve-se à presença de Tatá Werneck (a sequência em que ela corrige o
padre na igreja, por exemplo, é simples, talvez banal na história, mas tem bom efeito cômico).

Apostando numa reviravolta final (que de alguma forma
tenta explicar o absurdo do início do filme, mas ainda assim não fazendo
sentido na lógica da história), Loucas
pra Casar
passa como algo descartável e já disputa lugar cativo nas listas
de piores de 2015. Dureza é começar o ano já assim. 

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